segunda-feira, 22 de agosto de 2011

O jeito carioca de ser

Chamou a minha atenção uma notinha publicada na coluna do gente boa Joaquim Ferreira dos Santos (O Globo) sobre a psicóloga Phrygia Arruda. Segundo ela, o “jeito carioca de ser” é um patrimônio cultural que deve ser preservado, apesar de ser abalado pela violência urbana. Ainda de acordo com a psicóloga, a percepção da cidade como um local onde surgiram práticas e atividades cotidianas que se tornaram referências para toda a população serve para fortalecer sentimentos de identidade e cidadania.


Pesquisando mais sobre o trabalho da autora, achei um texto bem interessante que fala da relação entre Copacabana e o carioca.

"No Rio de Janeiro, a distinção entre espaço público e espaço privado é um tanto diferente, não há uma separação entre o uso dos espaços da rua (públicos) e os espaços privados, pois na cidade, e muito em Copacabana, as ruas foram sempre espaços privados; isto é, o carioca sempre fez da rua uma extensão da casa, seja através de encontros com os vizinhos, com desconhecidos; festejos particulares comemorados nas ruas ou então nas praias; brigas e desavenças amorosas ou não que sempre saíram da esfera do privado e chegaram às ruas. Há uma mistura promíscua que iguala e nivela as possíveis hierarquias simbólicas dos espaços urbanos."

Isso tudo me fez pensar sobre como o Rio é uma cidade única. Mas seus moradores e visitantes ainda precisam aprender a equilibrar a irreverência e a cultura com cidadania e bons hábitos de convivência.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Se liga vacilão, seja cidadão! [2]


Como cidadão carioca, poucas coisas nessa vida me deixam tão revoltado quanto ver alguém abrir a janela do carro e, num gesto natural, jogar uma bolinha de papel, uma sacola plástica ou qualquer resto de algo que já não lhe serve mais.

Quantas vezes já não catei o lixo alheio e o destinei ao lugar certo? Em alguns casos não aguentei e tive que mandar um recado pro vacilão: "pô parceiro, lixo no chão não dá"... antes de jogar seu lixinho no chão, na praia, enfim, em qualquer lugar que não seja o destinado para ele, pense na sujeira, no quanto você está maltratando sua cidade, que seu lixo será acumulado ao redor dos bueiros quando cair aquela chuva...

Fico me perguntando: até quando vamos viver essa cultura da falta de educação? Até quando pequenos gestos não vão ser encarados como grandes ações para o bem da cidade e para o bem comum?

Então, meus camaradas, vamos cuidar da nossa cidade com a mesma dedicação que cuidamos das nossas casas? O chão da rua não é lixeira!

Compartilhem essa ideia!

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Olha o mijão!

Pois é, minha gente. Sair com os amigos prum barzinho, tomar uns chopps e jogar conversa fora é sem dúvidas um ótimo programa. Os apreciadores dessa bebida - que faz tanto sucesso entre os cariocas - sabem muito bem que a cerveja é diurética... e haja mijão sem noção fazendo das ruas banheiro público.

Harry Monk, morador de Hoxton (Inglaterra), decidiu partir para o contra-ataque e expor os mijões da Vince Street. Com sua câmera, ele gravou 11 (onze!) pessoas urinando na rua e postou o vídeo no YouTube. Até uma mulher foi flagrada por Harry em uma hora de gravação. O caso foi em Londres, mas poderia ter sido facilmente documentado por aqui - especialmente em períodos de grandes eventos, como o Carnaval. 


Veja:



Pois é, parceiro, nosso amigo ficou indignado e com razão. Afinal, a urina, além de causar um mau cheiro insuportável, degrada o patrimônio público e privado. Pior, eu diria: o mijão insulta a cidadania, invade a privacidade e o limite do outro. 

Aí você me pergunta: mas Tião, com tantos problemas, você vem se falar mal de "mijões"? Meu amigo, problema mesmo é que, assim como tantas outras, essa questão é meramente educacional, que precisa ser revertida, assim como os carros estacionados em cima das calçadas, o lixo jogado nas ruas...
Vale a reflexão.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Teste sua carioquice



Muito legal esse teste criado pelo colunista Joaquim Ferreira dos Santos. São 70 perguntas para testar seus conhecimentos sobre os hábitos na cidade maravilhosa. Com o desenrolar das perguntas, você vai sentindo o gostinho bom de ser carioca e de se viver nesse meu Rio querido. Dá uma olhada, parceiro:

1. Qual o nome do sanduíche que leva uma fatia de filé, uma porção de patê e uma rodela de abacaxi?

2. Qual dos dois túneis, o André ou o Antonio Rebouças, faz o sentido Rio Comprido-Cosme Velho?

3. Como se dança o bigorrilho?

4. "Piranhão" é vulgo de que prédio?

5. No jogo da porrinha, você está sem palitos na mão e desconfia que os parceiros também. O que você pede?

6. Qual o nome certo da rua: Tonelero, Toneleiros, Toneleiro ou Toneleros?

7. Em que rua mora o octogenário João Gilberto?

8. Já fui a Galeria Cruzeiro, hoje sou?

9. Agnaldo Timóteo chamou-a de "Galeria do Amor", mas qual o nome de verdade da galeria em que se inspirou para a canção?

10. Onde fica o buraco da Maysa?



Veja o teste completo e as respostas aqui.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

João, 80

Hoje é dia de festa para João Gilberto, o pai da Bossa Nova, que completa 80 anos nesta sexta.  Foi na batida diferente daquele violão, ainda em 1958, com uma voz que muitos achavam “desafinada”, mas que na realidade era apenas o seu estilo, que o mundo ouviu algo totalmente diferente de tudo que existia até então, e que serviu de inspiração para uma geração de músicos e ouvintes.
Para comemorar seu aniversário, nada melhor do que Samba de Avião, de Tom Jobim, para exaltar não apenas João Gilberto, mas também para ouvir umas das maiores homenagens que nossa cidade já recebeu.
Ah, o vídeo, de abril de 1994, foi gravado no Palace, em São Paulo. 
   

quinta-feira, 9 de junho de 2011

O vídeo promocional dos 20 anos da Comissão de Acidentes no Trânsito da Austrália, TAC (Transport Accident Commission, em inglês), mostra uma compilação de todas as campanhas realizadas na época das festas de final de ano para conscientizar a população sobre o perigo da dobradinha bebida-direção e reduzir a violência no trânsito daquele país. Desde o primeiro ano da campanha, em 1989, até 2009, o número de mortes caiu 60%. 
No Brasil, o índice de mortes nas estradas é três vezes maior do que o aceitável, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMC), com uma média de 18,3 mortes para cada 100 mil habitantes (na Grã-Bretanha, Holanda e Suíca esse índice é de 6 óbitos para 100 mil). O vídeo impressiona pelas cenas e a similaridade com a nossa - dura - realidade.
E ainda tem gente que fala mal da Lei Seca, parceiro.

O tema do vídeo se chama "Everybody Hurts" (traduzindo para o português, "Todo Mundo Se Machuca"), do REM.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Movimento dos Sem Calçada

Deu na coluna de Ancelmo Gois do jornal O Globo de hoje (26/05/2011):


"DERIVAÇÃO DO Movimento dos Sem Calçada, o Movimento dos Sem Garagem — a turma que tem o portão bloqueado por motoristas desleixados — ganhou um líder em São Cristóvão, nas proximidades do Estádio de São Januário. O dono desta casa pintou uma mensagem bem eloquente (veja na foto) para tentar salvar seu portão dos bandalhas em dias de jogos. Tomara que dê certo, coitado"

Pra você ver a que ponto é preciso chegar, parceiro. Ver a porta da sua casa obstruída por causa da folga alheia é complicado. Um pouco de educação e bom senso não faz mal a ninguém...

E segue a nossa campanha:


Ajude a divulgar!

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Macca no Rio, um show de educação e bom exemplo!

Sir McCartney! (Fotos: G1)

Ontem fui ao show do Paul McCartney e o que pude observar foi que cariocas e visitantes souberam como nunca aproveitar o espetáculo sem deixar de lado os bons hábitos de convivência.

Todo mundo fez sua parte. O esquema operacional montado para o show funcionou muito bem. E não é que o trem integrado ao metrô deu certo? Bastante informação para quem precisou de orientação, tanto nos transportes públicos quanto no Engenhão. Segurança, organização, bloqueio e transporte público funcionando: foi um bom treino para os Jogos Olímpicos Rio 2016.

As 45 mil pessoas que estiveram presentes respeitaram o esquema de trânsito. Próximo ao estádio, apenas quatro carros foram levados pelo reboque. Não teve confusão, todos no maior clima de paz...

Nem tudo é um mar de rosas e tivemos problemas dignos de vergonha alheia. Taxistas cobrando R$ 50 por passageiro para uma viagem até a Barra da Tijuca. Se você está com 4 amigos, imagine, a corrida vai custar a "bagatela" de - pasmem! - R$ 200!! Absurdo ainda termos que nos deparar com este tipo de situação abusiva e desrespeitosa.

Fora isso, digo que foi nota dez. Sir Paul deu um show à parte e a galera foi ao delírio (diga-se de passagem, a plateia também foi show, especialmente durante a canção "Hey Jude"). Não é de emocionar?

Na na na na na na na, Hey Jude...

sexta-feira, 20 de maio de 2011

E se fosse na sua vaga?

"Esta vaga não é sua nem por um minuto", é o que mostra o excelente vídeo que encontrei no blog do jornalista Flávio Gomes com uma metáfora bem interessante sobre a famosa desculpa de estacionar em lugar proibido - na vaga reservada para deficientes físicos. O vídeo, produzido pela agência The Getz, de Curitiba, mostra a reação das pessoas ao se depararem com uma cadeira de rodas no lugar onde elas iriam estacionar.

Dá uma olhada aí, parceiro.





terça-feira, 17 de maio de 2011

Que tipo de cidadão somos nós?

Dez em cada dez pessoas percebem facilmente uma atitude errada, mas nem todos agem para corrigi-la. Pensando nisso, o movimento "A Voz do Cidadão" lançou, no início deste mês, o Cidadômetro, projeto que tem como objetivo mensurar o grau de atuação de cidadania da sociedade.

Através de uma urna eletrônica instalada no posto 10 da praia de Ipanema, o movimento convidou as pessoas a participarem das enquetes que mediram o grau de atuação de cidadania a partir dos seus três níveis: cidadão solidário, cidadão consciente ou cidadão atuante. Por exemplo, uma pessoa vê um carro estacionado em cima da calçada, atrapalhando a passagem dos pedestres. Veja como agiria os diferentes "tipos" de cidadão de acordo com os padrões da pesquisa:

Solidário: aquele que passa, vê, reclama para si mesmo e vai embora;

Consciente: avisa o primeiro agente de trânsito que encontra;

Atuante: se mobiliza, conversa com vizinhos, amigos e parentes e tenta convencer o máximo possível de pessoas de que aquela atitude é errada.

Resultados da pesquisa apontam que apenas um em cada quatro brasileiros está realmente mobilizado para cumprir os deveres e exigir os direitos.

Achei essa iniciativa bem legal para estimular a consciência e a atuação dos cariocas como cidadãos. Clique aqui e conheça mais sobre o projeto.

Assista o vídeo sobre o "Cidadômetro" exibido ontem no programa "Balanço Geral", da Rede Record:


segunda-feira, 16 de maio de 2011

O teste da faixa de pedestres: vergonha nacional!

O Fantástico deste domingo mostrou flagrantes impressionantes da guerra no trânsito. O programa da Rede Globo fez o teste da faixa para descobrir quem respeita e quem passa a toda velocidade.

O Código de Trânsito diz que o pedestre tem sempre a preferência quando estiver atravessando a rua. No semáforo, ele deve esperar até que o sinal feche para os carros. Onde existe apenas a faixa, o motorista é obrigado a parar. 

A tensão é total nas ruas do Rio de Janeiro. Florianópolis e Brasília estão entre as poucas exceções. Nessas cidades, o respeito é maior. Uma campanha lançada em 1997 no Distrito Federal reduziu em 30% as mortes no trânsito.

Poxa, parceiro. Já está mais do que na hora de mudar este quadro de imprudência e desrespeito no trânsito. É a velha história: se você é motorista, se acha dono da razão. Se é pedestre, também. Precisamos ser menos egoístas, contribuindo para uma cidade mais tranquila, segura e boa de se viver.

Vejam o vídeo:


sexta-feira, 13 de maio de 2011

Lugar de carro não é na calçada

O domingo começou cedo pra mim por um motivo muito especial: Tinha que comprar o presente para o Dia das Mães. Afinal de contas, sou brasileiro, não desisto nunca, e sempre deixo as coisas pra última hora. Não tinha como não me atrasar. Na pressa de chegar na casa de minha doce e amada mãezinha, cometi um pequeno e imperceptível delito, que nunca dei a menor importância. Estacionei o carro em cima da calçada e ele foi rebocado sem dó nem piedade.
Foto: O Globo
Nós somos ótimos para reclamar dos outros, mas damos uma de João Sem Braço na hora de cumprir a Lei. Reclamamos que a cidade está imunda, mas jogamos lixo nas ruas como se fosse a latrina de casa. Todo mundo chia quando a rua alaga, mas ninguém para pra pensar que os bueiros também entopem por culpa dos porcalhões. Estacionar em cima da calçada não afoga ninguém, mas atrapalha a vida de muita gente. Quando fiz isso, não pensei nas mães com carrinhos de bebês, idosos, portadores de deficiência física, enfim, qualquer pedestre que é obrigado a arriscar a própria vida dividindo o espaço da rua com carros, caminhões e motos. Fora que um veículo de passeio, que pesa em média 1.200 quilos, destrói qualquer calçada que não é projetada para receber tanto peso.
Depois de refletir sobre meus maus hábitos, comecei a pensar na via-crucis para recuperar meu carro. Qual foi minha surpresa quando vi que era mais fácil do que imaginava? Vi pela internet que não tinha multa em meu nome no Detran, então fui até o depósito onde meu carro foi levado e pedi o guia de recolhimento do veículo. Depois de pagar o DARM, Documento de Arrecadação Municipal, em uma agência bancária, fui retirar o veículo. Mais simples do que eu pensava, o que me ajudou a pensar na gravidade do meu ato, coisa que eu nunca tinha dado muita bola.
E eu que achava ruim ficar sem meu veículo, vi como pode ser pior atrapalhar a vida dos outros. Por essas e outras é que te digo: Lugar de carro não é na calçada.  

terça-feira, 10 de maio de 2011

Lixo nas ruas, brasileiros e americanos

Assisti ontem no programa CQC, da Band, um quadro muito interessante chamado "Identidade Nacional", que abordou a diferença entre jogar lixo nas ruas de Nova York e de São Paulo e a reação de cada um.  É curioso ver a demonstração de cidadania do americano e a indiferença do brasileiro com a falta de educação dos outros. Vejam o vídeo:

terça-feira, 3 de maio de 2011

Mudança de hábitos

Dia desses lendo o jornal, vi que a agência Casa 7 está fazendo uma pesquisa de opinião para descobrir quem é o carioca de verdade. A forma escolhida pela equipe para realizar essa ronda no universo carioca, ou melhor, o veículo escolhido foi uma kombi 1972 que vai rodar a cidade desenvolvendo estudos in loco, ou seja, na prática mesmo. A tal kombi inspirada, veja só, no filme Miss Sunshine (aquela amarela). A quebra de alguns paradigmas surpreende. Um deles é como o orgulho de ser carioca pode ser distorcido. Quem mora aqui acredita ser acima do bem e do mal, principalmente nos maus hábitos. A pesquisadora da agência, Adriana Hack, falou que o excesso de autoestima causa um grande problema para a própria cidade. “O carioca se acha, viaja tanto nele mesmo que não reage, não se move, não faz nada pela cidade. A malandragem, o jeitinho carioca derruba a gente mesmo”. É um soco na boca do estômago, parceiro.

Coluna "Gente Boa" de Joaquim Ferreira dos Santos (O GLOBO), do dia 15/04

Outra pesquisadora da Casa 7, Madu Sisternes, acha que a responsabilidade de sediar eventos importantes como a Copa do Mundo e a Olimpíada, jogam o nome do país e da cidade lá para cima. Isso pode mudar alguns hábitos, como a lei do mais esperto, e pesar na consciência coletiva, já que o mundo todo vai ficar de olho no Rio. “Sabe essa coisa de não furar fila, não entrar de penetra na festa? É isso! O carioca já está ficando mais exigente na relação consumidor, exigindo mais respeito e agilidade nos serviços”.

Reclamar é típico do carioca, sem isso perdemos nossa identidade. Outro dia o Ruy Castro disse no rádio que muitos prédios históricos federais se degradaram durante décadas por implicância de Brasília só porque o Rio era foco de resistência contra a ditadura militar. Hoje os tempos são outros, não dá mais pra vestir a carapuça da rebeldia e dar mau exemplo. Só protestar não vale, tem que participar. Pense aí quantas coisas erradas você faz usando uma desculpa esfarrapada? “É só hoje, não vai atrapalhar ninguém”. Vamos ver se na Copa e na Olimpíada mudamos nossos hábitos pra valer e não só pra inglês ver. Uma cidade maravilhosa por natureza, com um povo tão carismático e consciente de seu potencial, tem que parar de pensar no próprio umbigo. 

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Que saudades do meu Maraca!


Domingo tem mais um jogão de bola com a final da Taça Rio. Flamengo e Vasco fazem o “Clássico dos Milhões”, só que infelizmente não vou poder cantar uma musiquinha que todo o torcedor conhece: “Domingo, eu vou ao Maracanã/ Vou torcer pro time que sou fã.”


Pois é, parceiro, o palco mais famoso do futebol brasileiro está fechado para as obras da Copa. E pra piorar a situação, quando comecei a frequentar o Engenhão é que percebi como o Maraca faz falta. Se no “Maior do Mundo” você tem duas estações de metrô na porta do estádio e largas avenidas, no estádio João Havelange é preciso atravessar um labirinto de ruas apertadas – sempre engarrafadas – ou descer na única estação de trem do bairro, o que acaba sendo perigoso porque, em dia de decisão, as duas torcidas chegam juntas. É muito ruim também pra quem mora perto das estações de Ramos, Bonsucesso, Penha e Olaria e precisa ir até a Central pra pegar outro ramal – uma contramão dos infernos. Dá uma tristeza só de pensar que pra ir ao Maraca, que tinha o dobro de lugares, era muito mais tranquilo. Ontem faltou luz no jogo do Fluminense pela Libertadores, que só terminou de madrugada. Sair de lá por volta de uma da manhã não deve ser mole.

E o que dizer da bagunça em volta do Engenhão? O Engenho de Dentro é um bairro residencial, com calçadas estreitas. Quando algumas pessoas que moram perto do estádio perceberam que podiam fazer dinheiro vendendo alimentos dentro de casa, transformaram a garagem de suas casas em bares e lanchonetes, acumulando uma multidão e atrapalhando o trânsito. A baderna come solta em todos os jogos.

Logo agora que o Maraca estava mais seguro e tranquilo nos últimos tempos. Era proibido vender bebida alcoólica duas horas antes e duras horas depois dos jogos, cambistas e flanelinhas não tinham vez e os ambulantes tinham desaparecido – dava até pra ver a cor do calçadão e da ciclovia em volta do estádio.

O torcedor carioca não se acostumou mesmo com o Engenhão, parceiro. É longe, é ruim de chegar, difícil de entrar e sair do estádio. Pra aguentar a saudade do Maraca – que só deve reabrir daqui a dois anos – só me resta dar uma de Galvão Bueno e dizer: Haja coração.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Xixi na rua

Demorou, levei quarenta dias para me dar conta, mas essa quaresma me fez pensar sobre muita coisa que aconteceu no último carnaval. Logo eu, frequentador dos desfiles na Sapucaí e de quase todos os blocos de rua da cidade, tive uma das sensações mais desagradáveis da minha vida e vi que nem tudo é confete e serpentina: Me pegaram fazendo xixi na rua!

Juro que não sabia o motivo, isso sempre foi normal para mim. Sabe como é, uma cervejinha aqui, uma caipirinha ali, na hora que aperta você acaba se aliviando em algum lugar pertinho ou meio escondido. Só que dessa vez eu quase estraguei minha folia.

Eu estava com minha fantasia de pierrô quando me pegaram com a mão na massa. Foi aí que comecei a entender uma marchinha que as pessoas cantavam no bloco e que depois descobri que era do João Roberto Kelly. “Quer fazer xixi, não faz aqui”. É parceiro, eu sujava as ruas por desleixo e não pensava nisso, muito menos se alguém ia me levar a mal. Eu só estava apertado.

A alegria do carnaval virou apreensão quando me disseram que teria que ir para a delegacia por atentado ao pudor. Até então eu era ficha-limpa, com ou sem recurso no Supremo Tribunal Federal, mas tive que assinar um Boletim de Ocorrência, o famoso BO.

Quando saí, comecei a me perguntar se o que eu fazia era errado, afinal – na minha santa ignorância – eu achava que só ladrão ia parar na delegacia. 

Na quarta-feira de cinzas eu queria saber por que o xixi na rua era tão ruim. Depois de alguns minutinhos pesquisando na internet, descobri que a arquibancada do estádio da Fonte Nova, em Salvador, um dos mais tradicionais do Brasil e que vai sediar jogos da Copa de 2014, caiu por culpa do xixi dos mal-educados de plantão em 2007, matando sete pessoas. A acidez da urina atacou a estrutura e contribuiu para a tragédia. E como isso não fosse suficiente, li também que o fedor costuma ficar por dias em ruas onde muitos porcalhões costumam dar aquela aliviadinha.

Outra coisa que não sabia é que não preciso consumir em bares e restaurantes para ter o direito de ir ao banheiro. Se o dono de algum estabelecimento proibir o acesso, corre o risco de perder o alvará.

Eu que sempre me achei esperto, convicto de que amava o Rio, vi que era um grande desavisado que sujava minha cidade.

Mesmo achando que precisamos de mais banheiros químicos, nada justifica o xixi na rua. Depois de 40 dias, a ficha caiu, parceiro. Esse lance de achar que a rua é o banheiro de casa já era.

terça-feira, 26 de abril de 2011

Chove Chuva

Choveu a cântaros e sem parar durante nove horas a mesma quantidade que era esperada para o período de 40 dias. Só faltou cair canivete. Foram 274 milímetros só na Grande Tijuca, foi água que não acabava mais. Naquela chuvarada de abril do ano passado foram 300 milímetros. Deve ser brabo ficar ilhado na Praça da Bandeira dentro carro ou no ônibus por horas esperando o socorro dos bombeiros chegar de barco. Enquanto escrevo, a estrada Grajaú-Jacarepaguá continua fechada por uma pedra de 600 toneladas. Se chegar no trabalho já foi brabo, imagina voltar pra casa hoje?
Foto: G1


No dilúvio do ano passado, tive medo de sair de casa assistindo o caos pela televisão. Hoje de manhã a sensação foi parecida, mas resolvi encarar. Foi um trânsito dos infernos, não tão ruim quanto eu esperava ou diferente do que acontece na véspera de um feriadão. A visão foi a de sempre, muita lama e gente limpando a sujeira.
Quando cai uma aguaceira dessas, logo me lembro das tragédias da região Serrana e do morro do Bumba. Aqui no Rio, algumas famílias foram removidas de encostas na Grajaú-Jacarepaguá ano passado, um mês antes das chuvas de abril. Muita gente esperneou dizendo que era uma política contra pobres. Quando caiu aquele temporal e um deslizamento soterrou o lugar onde estavam as casas, as mesmas pessoas que protestavam perderam seus argumentos.
No meio de tanta aflição, vi que pela primeira vez sirenes deram alertas para moradores de 11 comunidades em áreas de risco. Na região Serrana, pessoas morreram porque não foram avisadas a tempo. O prefeito da cidade de Areal mandou que um carro de som alertasse a população sobre o risco de alagamentos e salvou vidas. Nas comunidades da Tijuca, muitas famílias saíram de casa de madrugada com o alerta, mas alguns confundiram o som com a sirene dos bombeiros e irresponsavelmente não procuraram um lugar seguro para si e a própria família. Bem que essa cultura de prevenção de desastres naturais, como acontece em todos os países civilizados, podia pegar aqui também.