Domingo tem mais um jogão de bola com a final da Taça Rio. Flamengo e Vasco fazem o “Clássico dos Milhões”, só que infelizmente não vou poder cantar uma musiquinha que todo o torcedor conhece: “Domingo, eu vou ao Maracanã/ Vou torcer pro time que sou fã.”
Pois é, parceiro, o palco mais famoso do futebol brasileiro está fechado para as obras da Copa. E pra piorar a situação, quando comecei a frequentar o Engenhão é que percebi como o Maraca faz falta. Se no “Maior do Mundo” você tem duas estações de metrô na porta do estádio e largas avenidas, no estádio João Havelange é preciso atravessar um labirinto de ruas apertadas – sempre engarrafadas – ou descer na única estação de trem do bairro, o que acaba sendo perigoso porque, em dia de decisão, as duas torcidas chegam juntas. É muito ruim também pra quem mora perto das estações de Ramos, Bonsucesso, Penha e Olaria e precisa ir até a Central pra pegar outro ramal – uma contramão dos infernos. Dá uma tristeza só de pensar que pra ir ao Maraca, que tinha o dobro de lugares, era muito mais tranquilo. Ontem faltou luz no jogo do Fluminense pela Libertadores, que só terminou de madrugada. Sair de lá por volta de uma da manhã não deve ser mole.
E o que dizer da bagunça em volta do Engenhão? O Engenho de Dentro é um bairro residencial, com calçadas estreitas. Quando algumas pessoas que moram perto do estádio perceberam que podiam fazer dinheiro vendendo alimentos dentro de casa, transformaram a garagem de suas casas em bares e lanchonetes, acumulando uma multidão e atrapalhando o trânsito. A baderna come solta em todos os jogos.
Logo agora que o Maraca estava mais seguro e tranquilo nos últimos tempos. Era proibido vender bebida alcoólica duas horas antes e duras horas depois dos jogos, cambistas e flanelinhas não tinham vez e os ambulantes tinham desaparecido – dava até pra ver a cor do calçadão e da ciclovia em volta do estádio.
O torcedor carioca não se acostumou mesmo com o Engenhão, parceiro. É longe, é ruim de chegar, difícil de entrar e sair do estádio. Pra aguentar a saudade do Maraca – que só deve reabrir daqui a dois anos – só me resta dar uma de Galvão Bueno e dizer: Haja coração.